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Dez anos

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Show da Urano Exit no Garagem Hermética. 2009, acho. Eu sou o de trás.

 

Volta e meia eu me pego pensando na música. Ou melhor, na relação visceral que eu tenho com ela. Não, esse texto não vai pontuar música boa de música ruim. Isso é pessoal, íntimo, e não sou o verdadeiro dono da verdade. Aliás, ninguém é. Esse texto é sobre a minha própria relação com ela, que começou há 10 anos.

Pouco tempo, você pode achar. Ela começou antes, bem antes. Mas foi em meados de 2003 que ela tomou um significado diferente. O cenário: eu tinha 13 anos, recém havia saído de um conhecido colégio particular aqui da Zona Sul de Porto Alegre. Em paralelo, decidi que iria aprender a tocar. A minha vontade era tanta que, pra ser sincero, não fazia a menor diferença que o único instrumento pra tal era um violão velho, azul, e todo empenado, que eu tinha em cima do meu armário. Eu queria era aprender.

O violão era um desses violões comuns, com a diferença de que ele, como já havia dito, era azul celeste, com um degradê nas extremidades. A tampa superior do corpo dele era solta nas bordas, o que o fazia vibrar estranhamente. Muitos parafusos, pregos e até super bonder já passaram por ali. Nenhuma funcionou, de fato. Na época, como qualquer ser-humano de 13 anos, eu não tinha dinheiro pra comprar um jogo novo de cordas. Então, juntava o dinheiro da passagem pra voltar pra casa, comprava cordas avulsas e ia pra casa de um primo meu, colocar e tocar. Uma por uma. O processo durou semanas. E a minha mãe – até agora – nem sonha com isso.

Aí que eu tive a primeira grande lição da vida: aprender a lidar com a frustração. É fato, qualquer coisa que você tenha que começar do zero nunca vai sair tão legal como era dentro da sua cabeça. Some isso com o fato de não ter um bom instrumento, o imediatismo e todas essas coisas. Voilá. Difícil era pra uma criança de 13 anos a encarar isso logo de saída. Bom, a frustração em não saber fazer pestana, abafar cordas e tocar um simples acorde durou meses, eu diria mais de um ano. O pobre violão azul-celeste demorou um pouco até ver notas que soassem bem.

Nesses meros dez anos, eu melhorei. Como pessoa e como músico. Aprendi a compor, aprendi a lidar com novos problemas. Também aprendi o que é ter uma banda, um capítulo à parte deste texto. Se eu tivesse colhões pra dar algum conselho, eu recomendaria: aprenda a tocar algo. Viver esse vértice intimista da música muda tuas percepções, mexe muito com o senso mundano. E tenha paciência. Um dia você descobre que saber tocar acordes não é mais o suficiente. A frustração volta pra pauta. E o resto, nem tem graça dizer.

 

Written by Cisco

julho 14, 2013 at 12:48 am

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