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O dia em que eu fui em um bingo (clandestino)

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Me passou um filme, agora. Li essa notícia e vim compartilhar sobre essa minha experiência enriquecedora.

Eu não lembro em que ano foi. Chuto que tenha sido no ano retrasado. Eu REALMENTE não tinha mais nada pra fazer, em um sábado à noite (meu conceito de diversão noturna sempre foi aplicado nas sextas-feiras).

Recebi o convite, e fui. E foi a primeira vez.

O bingo era situado dentro de um estacionamento de carros, no bairro Nonoai. Era engraçado, parecia que aquele ‘bunker’ discreto, por trás de uma porta de serviços tinha sido estrategicamente criado pra isso, apesar da pintura e conservação do local provar o contrário. Pra falar a verdade, eram duas portas. A primeira delas era remunerada.

O lugar era grande. Ok, não era uma espécie de submundo com uma civilização à parte. Não no sentido literal, pelo menos.

Após o pequeno lance de escadas pintadas à cal, muitas pessoas. A maioria tinha 45 anos para cima, rostos cansados. Muitas delas aposentadas. Falavam pouco, mumurravam, esbravejavam. Era como se a ira de esperar o canto daquela pedra fosse dissolvido de todas as formas de expressão possíveis. Menos na fala.

Sentei em uma cadeira de boteco, aquelas de metal pintadas de branco, dobráveis, e com um possível logotipo de bebida no encosto. A mesa era improvisada: dois cavaletes de madeira sustentavam uma placa de madeira. Sem surpresas, aqui no Sul é de costume ver coisas do tipo. As famílias são grandes, e a mesa do churrasco precisa acomodar os parentes, e os agregados. Campeiro, o esquema.

Em cima da mesa – além das pessoas escoradas, algumas delas em uma espécie de psicografia-do-além – muitas cartelas usadas. Várias canetinhas de cor azul. Era tanto papel e tanta canetinha que qualquer criança iria ao delírio.

Meu primeiro desafio foi me adequar a velocidade de ‘cantada’ das pedras. Era como se cada uma fosse cantada à cada 2 ou 3 segundos. Some isso com um alto-falante medíocre e estourado. Se você pensou nas lojas Renner, C&A ou no comissário de bordo da Gol, você está no caminho certo.

Era realmente rápido, e notável que isso era feito de forma proposital. Casas de jogo clandestinas tem leis tão vigentes quanto a vida na selva. É aceitar, ou ir embora. E as pessoas realmente não se importavam muito com isso. Jogo de azar é uma espécie de ‘placebo’ de diversão. Acho que isso que torna o conjunto da coisa interessante. É como se o cérebro fosse momentaneamente programado pra esperar aquela dose de endorfina do “BINGO!”. Freud deve explicar.

As pessoas tinham mais vícios, e o mais notável deles era o cigarro. Dotado de pouca ventilação, a fumaça carburada criava uma neblina acima da cabeça de todo mundo, ofuscando um pouco as lâmpadas. Típico de coisa que a gente só vai imaginar em filme, mesmo…

Uns 20 reais mais pobre, saí de lá ainda tentando entender esse conceito de diversão. Não condeno, muito pelo contrário, acho que as pessoas são totalmente livres de se divertir da maneira que bem entendem, mesmo que isso seja contravenção. Acho que a lei dos bingos deveria ser legalizada, contanto que seja recolhido os devidos impostos E que fossem aplicados em cultura, esporte e fins de diversão.

Pouca gente sabe, mas muitas casas de jogo já praticavam esse incentivo cultural, antes de quebrarem por causa dessa lei vigente. Ao passo que o Governo acusava as casas de jogo de lavagem de dinheiro e financiamento ao crime. Quem está certo?

É sentar e esperar o grito final.

Written by Cisco

junho 15, 2010 at 3:13 am

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* Comic Sans: f*dendo sua vida desde 1994.

Written by Cisco

junho 3, 2010 at 9:16 pm

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