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Twilight revisited

with one comment

Tempos atrás, uma garota me disse que eu tenho mania de “descartar pessoas”. Na hora, a gente até desconsidera acreditar nesse absurdo. Mas… e se for verdade?

Que soe clichê, mas uma capa nem sempre define o conteúdo de seu livro. Citamos então o tão fervoroso livro/saga/religião Twilight. Quando este foi lançado (por volta de 2008, creio), ele trazia na capa um par de mãos doces e apáticas, segurando uma maçã. Fruta esta que – segundo Stephenie Meyer a.k.a. autora da obra – simbolizava o amor ‘proibido’ dos personagens principais. Conclui-se que sua capa tinha cunho simbolístico e subentendido, obrigando o leitor a ler seu miolo, a fim de compreender o que a imagem significaria.

Mais tarde veio o filme, o Robert Pattinson e aquela outra adolescente de nome irrelevante para a massa feminina. Então, a editora do livro se sentiu na obrigação de associar o lado escrito com o lado filmado.
 
– Parem as prensas! Vamos por o casal vinte de Hollywood na página um.

O que era uma imagem subjetiva àquele livro, se tornara uma foto posta a fim de atrair mais leitores. A medida que sua capa passou a ser impressa com a foto vampiresca-de-Hipoglós dos personagens, mais fãs frenéticas se viram na obrigação de adquirir o tal livro, o levando a ser uma mera fachada para aquela saga quinquilionária e mentecapta.

Eu confesso que muito julguei pessoas por fatos, atitudes triviais ou até mesmo pela aparência. E que atire a primeira pedra quem nunca fez isso, mesmo que internamente. Sentimos-nos, por exemplo, na obrigação de atravessar a rua quando julgamos aquele outro ser que vem em nossa direção contrária ser suspeito, aos nossos olhos. É hábito.

A medida que as primaveras avançam, deixamos um pouco de lado essa tal mania. O problema maior: não são as pessoas que subestimamos e sim as que superestimamos.

Superestimar pessoas é algo que estamos sujeitos. Quem nunca deu de testa no muro ao conhecer alguém que parece ser atrativo aos nossos olhos, mas de conteúdo miserável? Pessoas apresentáveis podem não ter conteúdo algum, para justificar seus prefácios. O outbody é o que importa. É o cartão de visitas para o conteúdo. Mas lembra daquela outra frase mais clichê ainda: as aparências enganam? Já parou pra pensar que quem define a aparência é, justamente, a própria pessoa? Logo, conclui-se que são as pessoas que nos enganam? Sim.

As pessoas mudam. Mudam porque crescem. Porque evoluem.
Mas mudam também por outras pessoas, ou para se adequar ao contexto em que estão inseridas. Tal atitude influencia diretamente no interior, que passa a ser visto com outros olhos. “Você é o que você demonstra”.
Ninguém precisa ser um grande citador de Edgar Allan Poe em tardes frias de inverno, ou saber de cór as conclusões de Darwin sobre os tentilhões da Ilha de Galápagos.
Mas vou ser franco: a capa pode ser bonita e apresentável, mas se o conteúdo for dito “cultura inútil”, ele vai ficar enfiado lá no fundo da estante.

Written by Cisco

março 9, 2010 at 2:53 pm

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