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Entrevista – Casey Crescenzo (The Dear Hunter)

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Por Bruno Cisco

Em meio a tantas bandas que surgem por aí, recomendo que você procure algo sobre essa: The Dear Hunter. A banda atualmente conta com diversos músicos em palco, mas é da cabeça de um deles que surgem as pessoas, situações e lugares.

Conversei com Casey Crescenzo, vocalista e compositor do supergrupo. Eles lançaram no ano passado o The Color Spectrum, uma série de nove EP’s, cada um com as cores do espectro, somados ao branco e preto. Em cada EP, um mood diferente, de acordo com a cor do invólucro. Além disso, a banda já lançou uma demo e uma “triologia”, os Act I, II e III. Após uma troca de contatos, falamos sobre TDH, cena musical e outras coisas. Confere aí:

Fale sobre o The Dear Hunter nos últimos dias/semanas. O que vocês estiveram fazendo, ultimamente?

Bem, com toda a honestidade, The Dear Hunter não existiu nas últimas semanas, já que ando produzindo outras bandas. Então, por agora, não tenho feito nada para o TDH, mas felizmente estou voltando ao ritmo disso tudo. Também voltei a compor, mas nos próximos dias tenho que ligar o “modo ensaio” para os próximos shows.

Imagino que os principais sejam o Coachella e o show de Boston…

Basicamente, bem como um show em San Francisco-CA e um show em Los Angeles, em que abriremos pro Kasabian. Também temos datas marcadas em Iowa, Wisconson, etc. E todos eles possuem diferentes set-list, então vamos ensaiar as 36 músicas para o show em Boston, mas também vamos ensaiar outras para os demais shows.

(Nota do editor: a entrevista foi feita no final de abril/2012. Os shows citados já aconteceram)

Como funciona a cultura americana com as bandas underground, como por exemplo, com o TDH? As pessoas têm esse costume de ir a um show local ou isso está restrito aos fãs das bandas que vão tocar?

Acho que isso está constantemente mudando, orientado pela participação daquela banda específica, na cena. Quando comecei a fazer turnês, há 10 anos, você conseguia ver lugares preenchidos com garotos que só gostavam de ir à shows, e a atmosfera que envolvia a música não era o fator principal. Enquanto você continua vendo isso em alguns lugares, há pessoas que não estão dispostas a gastar dinheiro em shows, especialmente se elas não têm certeza se vão gostar da banda.

Você acha que venda de merchandising nos shows é uma boa maneira para as bandas ganharem dinheiro?

Acho que é uma boa maneira, mas penso também que é um jeito estranho de se conduzir uma banda.

Vi um video do The Fall of Troy na internet em que o vocalista dizia que “o merchandising era a melhor maneira de ajudar as bandas”, e a banda acabou, ironicamente…

Para ser honesto, acho que não existe uma melhor maneira de ajudar uma banda. Acho que todas elas encontram-se em diferentes situações. Uma banda pode realmente precisar vender discos para convencer tal gravadora que estão valendo a pena manter-se sob contrato. Enquanto que outras bandas necessitam vender merch, já que são independentes e vender discos de uma forma astronômica não é o mais importante. Já vi muitas bandas irem pra grandes gravadoras e caírem de cara no chão, tudo porque seu público-alvo é de fãs que baixam suas músicas. É um público participativo que vai aos shows, mas que não vai atrás de músicas de selos menores. Mas na maior parte das vezes, ao menos se você tem um “360 deal”*, os selos continuarão a se preocupar com a venda de discos mais do que com a participação de público nos shows.

*contrato em que o artista cede um percentual de tudo que ganha para a gravadora.

Falando em discos, vamos falar sobre o seu último, The Color Spectrum. Quanto tempo demorou entre o processo de escrita da primeira música e a ida ao estúdio para gravação?

Bem, tenho meu próprio estudio, então gravo assim que termino de compor. Mas passei 9 meses compondo e gravando no meu próprio estúdio, assim como em outros três ao redor do país.

O tempo inteiro?

Sim, acho que combinamos de tirar uma semana de folga.

Você declarou em algumas entrevistas que você sempre teve o desejo de gravar alguns EP’s, baseados nas cores do espectro. Como foi a experiência de juntar cor e textura nas músicas?

Acredito que todo o processo de composição e produção é recompensador, e o Colour Spectrum não foi necessariamente mais ou menos recompensador do que qualquer coisa que já fiz antes. Mas trabalhar em um disco extenso que me desconectou dos Acts foi realmente excitante, e uma maneira legal de dar andamento. Foi também muito confortante ver uma ambição, que eu nunca soube de fato se iria se concluir, atualmente concretizada.

Foi sua idéia fazer EP’s curtos desde o começo? E como foi o critério em “por cor” na música?

Foi idéia dividir o espectro em discos separados, em forma de EP’s, mas não tinha certeza qual o tamanho da gravação até começar a trabalhar nela. O critério para por cor na música, para mim, foi simplesmente o que eu sentia, e não o que as outras pessoas sentiam ou pensavam… Era pra ser uma representação da minha inspiração das cores em si.

Acredito que alguém já tenha perguntado isso, mas de onde veio o nome da música A Sua Voz?

Acho que a vibe da música tem um pouco de sentimento português para mim, e uma vez que a música fala sobre chamar alguém e desejar que ela responda, foi intitulada assim.

Em No God, você fala sobre educação paternal e religião. Você acredita no lado bom da religião?

Bom, infelizmente no caso do cristianismo e em algumas outras religiões, acredito que embora exista uma boa mentalidade por trás do que eles ensinam, ainda existem morais promovidas que particularmente não concordo, especificamente nos EUA. Mas o ponto da canção é que sou um ser humano moral, mesmo sem os ensinamentos de Deus ou de um livro. E essa minha bussola moral é interna. Se você está dependendo de algo que está escrito em um livro, então você está dependendo de algo que já foi dito por alguém, que já foi dito por alguém, e por aí vai. Logo, se você precisa de um livro pra ensinar o certo e o errado, então você tem um grande problema. O instinto de tratar os outros com respeito e gentileza, e nunca impor a alguém uma felicidade razoável, a liberdade, tudo deve ser inato.

De outra maneira, estamos dizendo às pessoas que elas são más desde o nascimento, e que precisam sofrer uma lavagem cerebral para que façam o bem… E eu acho que está acontecendo o contrário. Estamos sofrendo lavagem cerebral para nos impor que façamos coisas ruins. É uma espécie de reprogramação para que a gente acredite ser os melhores, ou os mais populares, os mais ricos, os mais cool, ou os mais qualquer-coisa. Isso nos leva a contestar os direitos dos outros, fazendo com que eles nos vigiem.

O que você acha então das bandas americanas de christian rock? Muitas delas não falam sobre a Bíblia, Jesus, etc. Mas possuem um tanto de espiritualidade em suas canções. Talvez isso seja um lado positivo…

Já ouvi falar disso. Mas parece que eles estão nesse meio para vender discos. Essas bandas conquistam os fãs cristãos, mas mantém suas letras vagas o suficiente para conquistar os não-cristãos.

Ultimamente você tem feito algumas coisas com o Anthony Green (Circa Survive, ex-Saosin), e ele manifestou o desejo de fazer algumas coisas musicais com você. Podemos esperar algum projeto entre vocês dois?

Tanto quanto Anthony, eu realmente quero que o nosso projeto aconteça, e isso é somente uma questão de tempo. Ambos estamos muito ocupados, a sorte é que estamos apaixonados pela idéia, então vamos arranjar tempo pra produzir isso assim que possível.

Aliás, de quem foi a idéia de fazer um cover de Get Yours While You Can? E o que Anthony achou disso?

Originalmente, a idéia era que fizéssemos covers um do outro. Mas ele ficou sem tempo antes de sua turnê e eu já tinha terminado o cover. Acho que ele realmente curtiu.

O The Dear Hunter tem um grupo razoável de fãs, aqui no Brasil. Muitos descobriram vocês pela internet. Você tem alguma idéia de quantos fãs vocês fizeram pela internet?

Eu diria que 90% dos fãs que temos vieram da internet.

Parece um cliché terminar nossa conversa com um pedido para que você venha para o Brasil, portanto quero te pedir para que peça aos teus fãs brasileiros para que te tragam pra cá!

Eu realmente quero ir ao Brasil. Sério. Se existir algo que qualquer um pudesse fazer, por favor, faça. Eu não sei como posso fazer isso acontecer sozinho. Mas na primeira oportunidade que tiver, vou dar um pulo aí!

Written by Cisco

maio 23, 2012 at 1:43 pm

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