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Archive for abril 2013

Eu, Geração 3G

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Até 2009, eu era um dos poucos – porém não raros – usuários do iPhone 3G. Comprei barato, de um amigo que queria se desfazer, pois acabara de comprar um modelo mais atual. Por uma questão de prioridade e por não aceitar o preço inflacionado das novas versões desse fantástico aparelho, mantenho-o como meu telefone móvel até hoje. De lá pra cá, quatro novas versões surgiram e ele defasou, obviamente. Obsolescência programada. Vale o google.

No último ano, a duração de bateria do meu “tijolão” foi ficando cada vez menor. Os apps começaram a se tornar mais pesados e o aparelho mais lento. Vários deles sequer atualizam. Por conta dessa prisão tecnológica, fui tendo que abandonar alguns outros serviços e utilidades do aparelho. Uma delas é o 3G.

Pra quem não sabe, 3G é essa tecnologia que rouba seu dinheiro, rouba seu tempo enquanto você espera uma mísera página mobile carregar e rouba também sua bateria. Rouba não, come com colher e farinha de mandioca. Quatro anos se passaram desde o início dessa timeline e a situação não avançou. Por uma questão de querer carga no celular até meu próximo encontro com uma tomada elétrica, abandonei o serviço, mesmo que o uso fosse bem esporádico.

Ainda nessa mesma timeline, o uso compulsivo dos smartphones cresceu de forma assustadora. A mobilidade se tornou inerente pra muitos usuários. Aí, temos uma carta de serviços: Facebook, Twitter, Whatsapp, e-mail, Instagram, e por aí vai. É comum a cena: você vai almoçar com um amigo e a criaturinha fica a mercê do aparelho maldito. Sem contato visual e com muitos “ããm”, “humm”, “sim” nos diálogos. Aqui, chamo de “Geração 3G”.

A Geração 3G tá crescendo de forma assustadora, tão assustadora quanto o preço dos pacotes dessa tecnologia, que parecem ter estacionado lá em 2009. Mas isso não impede que a assiduidade dos usuários cresça. Para muitos deles, é quase uma obrigação tirar uma foto do pôr-do-sol, do prato de comida, fazer check-in (nota: Foursquare é a rede social mais superestimada de todas), chatear com os amigos, tuitar sobre um acontecimento aleatório, etc. As redes sociais sobrepõem tudo. Os emails já entram na caixa com um aviso nas entrelinhas de “responda logo”. Não responder no Whatsapp já é má-educação. E por aí vai. 2015 nem chegou e temos uma mudança comportamental violenta em tão pouco tempo, mas ainda sem o famigerado skate voador do Marty McFly.

Relato tudo isso por um fato aleatório: descobri que minha operadora me presenteou com um plano de 3G pré-pago. Tudo isso pois eu liguei o serviço depois de muito tempo, a fim de descarregar a bateria do meu celular. Descontaram alguns centavos do meu saldo em troca da internet promissoramente rápida. Mas tá ali, disponível. E, por um impulso, resolvi usufruir hoje, na hora do almoço. Foi um espasmo. Liguei e usei, ignorando todos à mesa. Quando me dei conta, tava compenetrado na telinha que nem criança vendo a Galinha Pintadinha, atualizando o Facebook como se não houvesse amanhã, rolando o feed do Twitter, Instagram, checando as três contas de email. Devo ter perdido alguns 15 minutos até o choque de realidade. Voltei o olhar pra mesa, como quem acorda de um coma. Desliguei novamente o 3G.

Ufa. De volta à vida.

Written by Cisco

abril 10, 2013 at 7:10 pm

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The Battle We Didn’t Choose – Tradução

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Imagem

(nota: achei esse site em meio à milhares de compartilhamentos de milhares de assuntos diferentes, no Facebook. As fotos dizem quase tudo o que traduzi aqui embaixo. Até poderia  fazer um resumo do assunto, mas acho que o texto diz muito – apesar de dizer quase nada comparado às fotografias. O que eu posso afirmar é: essa é a demonstração de amor mais bonita que eu já li/vi.)

http://mywifesfightwithbreastcancer.com/

A primeira vez que vi Jennifer, eu sabia. Eu sabia que ela era única. Eu sabia, assim como meu pai cantava para minhas irmãs no inverno de 1951 após conhecer minha mãe, “Eu a encontrei”. 

Um mês depois, Jen arranjou um emprego em Manhattan e teve que deixar Cleveland. Eu ia até a cidade – para ver meu irmão, mas na realidade, eu queria era ver Jen. Em todos os nossos encontros, meu coração gritava para meu cérebro, “diga à ela!!”, mas eu não encontrava coragem para dizer à Jen que eu já não conseguia mais viver sem ela. Meu coração finalmente prevaleceu e, como um garoto de escola, eu disse: “Eu gosto de você”. Para o alívio do meu coração acelerado, os lindos olhos de Jen se iluminaram e ela disse: “Eu também!”

Seis meses depois eu juntei meus pertences e fui para Nova Iorque com um anel de casamento que pegava fogo dentro do meu bolso. Naquela noite, em nosso restaurante italiano favorito, eu me ajoelhei e pedi Jen para que se casasse comigo. Menos de um ano depois, nos casamos no Central Park, cercados de familiares e amigos.

Ainda naquela noite, nós dançamos nossa primeira música como marido e mulher, acompanhados pelo meu pai em seu acordeão.

“I’m in the mood for love…”♫

Cinco meses depois, Jen foi diagnosticada com cancer de mama. Eu me lembro do exato momento… A voz de Jen e o sentimento de impotência que se desenvolveu em mim. Aquela sensação nunca vai deixar de existir. Também nunca esquecerei a forma como nos olhamos, um para o outro, e seguramos nossas mãos. “Estamos juntos, vai dar tudo certo”.

A cada novo desafio, nós crescíamos ainda mais. Palavras se tornaram menos importantes. Certa noite, Jen tinha acabado de dar baixa no hospital. Sua dor estava fora de controle. Ela pegou meu braços, seus olhos se encheram de água: “Você tem que olhar em meus olhos, é a única maneira para eu conseguir lidar com essa dor”. Nos amamos um ao outro em cada pedaço de nossas almas.

Jen me ensinou a amar, a ouvir, a se doar, a acreditar nos outros e em mim mesmo. Eu nunca estive tão feliz como eu era durante esse tempo. Ao longo dessa batalha, nós fomos afortunados em ter um grupo de apoio forte mas continuamos a lutar para fazer com que as pessoas entendessem nosso dia-a-dia e as dificuldades que enfrentávamos.

Aos 39 anos, Jen começou a usar um andador e ficava cansada por ter que ser cautelosa constantemente com alguma queda ou contusão. Internações de 10 dias ou mais no hospital não eram incomuns. Visitas domiciliares de médicos nos levaram à batalhas com seguros de saúde. Medo, ansiedade e preocupações eram constantes. Tristemente, a maior parte das pessoas não queria ouvir essas realidades e, até certo ponto, vimos nosso apoio indo embora. Outros sobreviventes do câncer compartilhavam com essa perda.

Os outros pacientes diziam que o tratamento os fazia ficarem melhor, que as coisas ficariam OK, que a vida voltaria ao “normal”. Entretanto, não existe um “normal” no mundo do câncer. Os pacientes curados eram obrigados a definir um novo senso do normal, diariamente. E como fazer para que os outros entendessem o que passavamos para sobreviver todos os dias?

Meu set de fotografias mostram essa rotina diária. Elas humanizam a face do cancer, na face da minha esposa. Elas mostram o desafio, a dificuldade, o medo, a tristeza e o isolamento que enfrentamos, que Jennifer enfrentou, enquanto batalhava com a doença. Mais importante de tudo, elas mostram nosso amor. Estas fotografias não nos definem individualmente, mas como nós eramos juntos.

O cancer está nos noticiários todos os dias e, talvez, através dessas fotografias, da próxima vez que um paciente de cancer for perguntado o que ele próprio está fazendo, quando for ouvido, a resposta pode ser dita com um conhecimento de causa maior, com empatia, entendimento profundo, carinho sincero e afetuosidade.

“Ame cada pedaço das pessoas durante sua vida” – Jennifer Merendino

 

Written by Cisco

abril 2, 2013 at 3:04 pm

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