Democratização da cultura

Semana passada, peguei um livro na biblioteca. Ele não abrange muito a área na qual eu ando dedicando minhas poucas horas livres. Mas li uma resenha em um blog, de uma conceituada jornalista e especialista em mídias sociais. Não hesitei. O livro se chama “A Cauda Longa”, ou “The Long Tail”. É do Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired, uma das mais conceituadas sobre tecnologia no mundo.

Anderson explica que, pra cada mídia criada, ela terá sempre um público. Isso rebate toda e qualquer teoria individual nossa de achar que o ser humano é alienado. Na verdade, alienação é proporcional aos meios de comunicação que temos. Com o boom da Internet no final do sec. XX, as inúmeras formas de se conseguir uma informação foi então diluída em milhares de veículos. Ou seja, houve uma descentralização de tudo isso que envolvam filmes, música, cultura em geral mesmo.

Voltando um pouco no primeiro assunto, vamos pensar um pouco. Antes do advento da internet e desse sistema de broadcasting virtual que estamos acostumados, nós tínhamos meios limitados de obter informação. Certamente tu vai se lembrar, quando criança, quando chegávamos ofegantes nas rodas de conversa e proferíamos: “Vocês viram o Fantástico ontem?”. Poucas vezes depois da virada do século, ouvi isso. Ok, é unanimidade discutir sobre a qualidade dos programas de rede aberta, que certamente decaíram de qualidade.

Mas será que o problema está atrás da tela?

Com a expansão da WWW, impossível se centralizar em apenas alguns poucos veículos de comunicação. Podemos ter um acesso muito mais dinâmico a informações, do que aquelas tipicamente letradas e formatas em uma página de jornal. Mas nem é esse o ponto da questão. Todos nós temos cada vez mais acesso a coisas antes restritas: qualquer indivíduo pode se tornar um cineasta com uma câmera digital e um Premiére, Final CUT ou um Movie Maker. Criar música nunca se tornou tão fácil: podemos facilmente emular baterias que custavam muito tempo, paciência e dinheiro em um programa que engana muita gente, quando o assunto é qualidade e realismo.

Com essa descentralização cultural, os tradicionais veículos tem que, literalmente, apelar. Bundas grandes, competições envolvendo pessoas e animais nojentos, tudo isso a mídia cria para conquistar um público-alvo que não tem essa fuga para a Internet. Ao passo que, quem utiliza corretamente esses novos meios, consegue obter uma quantidade impar de cultura. Gratuitamente.

Há quem se engane que continuamos seres alienados. Nunca na história, fomos bombardeados com tanta informação. Resta ter um bom senso em saber filtrá-las.

Ah, que saudade do tempo em que os livros respondiam todas as nossas perguntas…